Sete meses sem resposta. Sem uma justificativa. Sem nenhuma explicação. Desde abril, moradora do bairro Novos Estados, em Campo Grande (MS), sofre com uma dor diária que não passa. Ela não foi convidada para o casamento do filho e nunca recebeu um argumento que explicasse a decisão do rapaz. O tempo passou, ele jamais respondeu qualquer contato e a costureira busca entender suas razões.
Nesta quarta-feira (13), a mãe faz aniversário e não consegue comemorar a data após o rompimento sem esclarecimento. Ela garante que sempre teve uma boa relação com o filho, de 28 anos, mas só soube por terceiros que ele se casaria. Quando recebeu a notícia, dada por outros filhos, chegou a juntar um dinheiro para comprar o vestido. No entanto, o convite para a festa nunca chegou.
Magoada, ela tenta deduzir o que levou o rapaz a ignorá-la de tal modo e, meses depois, acredita que não foi convidada por ser pobre e não estar à altura da festa. Diante da situação, só restou concluir que, o filho, após conseguir certo status no meio em que trabalha, optou por não chamá-la para a cerimônia por vergonha.
“Ele é gerente de uma rede de lojas bem conhecida aqui em Campo Grande. A festa foi um luxo, convidou familiares e amigos, e eu fiquei esperando meu convite. Lógico, eu sou mãe, teve o casamento e eu não fui convidada. Chorei tanto sem entender nada“, lamenta a costureira.
Mari* conta que, um mês antes da cerimônia, recebeu uma ligação do herdeiro, que disse: “Mãe, vou pedir minha namorada em casamento, mas antes queria jantar com a senhora“. Contudo, o jantar nunca aconteceu. “Acho que ele já ia me avisar que não ia me convidar, mas não teve coragem”, presume a campo-grandense.
Depois da ligação, ela aguardou o contato para marcar o jantar, mas nem isso se concretizou. Dias depois, os outros filhos e irmãos do noivo, contaram a ela do casamento marcado. Ao saber, Mari* não disse aos demais herdeiros que não havia sido convidada e, calada, esperou ser convocada. Só no dia, na hora da festa, eles descobriram tudo, detalha a mãe.
De acordo com Mari*, a relação com a nora e com o filho ia de vento em popa e, por isso, ela descarta a possibilidade de algum desentendimento ter provocado a situação. A costureira também afirma nunca ter tido qualquer estranhamento com a namorada do rapaz e diz que jamais interferiu no relacionamento dos dois. “Eu estava feliz por ver meu filho contente e fiquei radiante quando soube do casamento deles, nunca tive problema com ela”, garante.
A mãe ainda relata que o filho se mudou para outra cidade com a esposa logo após o casamento e, além de não responder suas mensagens e atender ligações, a bloqueou nas redes sociais. “Ele não tem coragem de me falar porque fez isso”, acredita.
Assim, a costureira pensa que ele não quis apresentá-la aos demais convidados por causa do seu jeito e estilo de vida humilde. “O motivo foi de estraçalhar meu coração, eu não estava à altura do nível de padrão da festa. Me excluiu porque eu sou mãe pobre, eu fui a única que não foi convidada”, comenta, aos prantos.
“Ainda choro, tenho vergonha de sair na rua. Eu, mãe, não tinha nada para oferecer além do orgulho de casar um filho. Tive um começo de AVC de tanta tristeza, mas estou me levantando”, conta a aniversariante, em meio às lágrimas.
Mari* recorda que desde cedo lutou para dar boas condições aos filhos, mas nem sempre foi possível. Ela lembra que trabalhava como cabeleireira no Centro de Campo Grande para sustentar o rapaz e outro filho sozinha, mas, aos 13 anos, o menino deixou a casa para viver com o pai, que tinha melhor situação financeira.
Apesar disso, eles nunca se distanciaram e se viam frequentemente. Tanto que, semanas antes do casamento, ele a telefonou para combinar um encontro. O fato de ter uma relação harmônica com o herdeiro faz a costureira ficar ainda mais intrigada com tudo que aconteceu.
Mari* revela que seus outros filhos que foram ao casamento do irmão o colocaram contra a parede e perguntaram o porquê dele não ter convidado a mãe, mas a reação foi a mesma: silêncio absoluto, sem qualquer argumentação.
Desse modo, só restou à moradora de Campo Grande concluir que não era compatível com a grandiosidade da festa, “luxuosa”, segundo a própria.
Para tentar superar o ocorrido e seguir vivendo com o rechaço do filho, a costureira tem feito acompanhamento psicológico. Hoje, em seu aniversário, ela lida com a dor. Mari* diz que o coração sangra sem uma explicação e, mesmo que um dia a resposta chegue, nada mudará ou contornará o sofrimento causado pela ausência do convite para um dos momentos mais importantes da vida do filho – atitude que a costureira considera “uma agressão”.
*O nome verdadeiro de Mari foi ocultado para preservar as identidades dos envolvidos. O filho dela foi acionado pela reportagem para dar sua versão e, assim que o fizer, este texto será atualizado. Por ora, ele aguarda uma resposta de seu advogado para se pronunciar.
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