Dois dias após a discussão por incidente no trânsito envolvendo o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia Geraldo, e uma profissional da moda que teve três pneus do carro estourados por tiros disparados pelo policial, caiu o chefe da histórica instituição.
Ao saber da notícia, a jovem de 24 anos disse que já estava enxergando a “justiça sendo feita” e que sentia-se aliviada com a saída do delegado.
O Correio do Estado, em primeira mão, publicou em seu Portal, na manhã de sexta-feira, que o episódio havia derrubado o diretor-geral.
À tarde, a confirmação manifestou-se por meio de um comunicado, assinado por Adriano Geraldo, enviado para o governador Reinaldo Azambuja, do PSDB.
O delegado, chefe da Polícia Civil de MS, escreveu que, “em caráter irrevogável e irretratável” e por motivos sucintamente expostos, pedia a “dispensa da função ora exercida”.
Diz também o comunicado do policial: “Considerando que, por questões de cunho pessoal e familiar, opto por colocar à disposição de Vossa Excelência a função em apreço, cujos motivos que ensejaram a presente tomada de decisão serão esclarecidos pessoalmente em momento oportuno”.
Embora o delegado-geral tenha pedido dispensa, era quase certa sua saída da direção da Polícia Civil.
É que assim que a Corregedoria da PC abrisse investigação acerca do episódio que o envolveu, por regra, o delegado deveria ser afastado da função de chefia. Foi o que disseram as fontes especializadas no assunto, ouvidas pela reportagem.
Além da Corregedoria, o caso também já é investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS).
No fim da nota, Adriano Geraldo agradeceu ao governo pelo cargo, que ocupou por um ano:
“Aproveito o ensejo para externar os sinceros agradecimentos pela confiança e apoio dispensados por Vossa Excelência e equipe no período em que este signatário esteve à frente da Delegacia-Geral da Polícia Civil, ressaltando que permanecerá à disposição exercendo com muita honra o cargo de delegado”, encerrou o policial.
O CASO
Na quarta-feira à noite, na Avenida Mato Grosso, em Campo Grande, o delegado-geral de MS perseguiu uma jovem de 24 anos, no trânsito, depois de irritar-se com o carro dela, cujo motor apagou. Isso ocorreu em um sinaleiro.
O delegado, que estava atrás do carro da jovem, buzinando, irritou-se ainda mais depois que a mulher, já zangada com o barulho e tentando religar o carro, mostrou o dedo médio para ele. O gesto perturbou o policial, que quis abordar ali mesmo a motorista. Ela tentou fugir.
Houve perseguição, que terminou na calçada de uma escola de idiomas.
Antes do fim do encalço, contudo, Adriano Garcia Geraldo, o chefe dos policiais civis de MS, que estava em um Hyundai Elantra descaracterizado, furou – à bala – os três pneus do carro da jovem, apontou a arma para ela e, ainda, mobilizou pelo menos sete outros policiais civis e militares.
Acuada, a moça resistiu a sair do carro, enquanto o delegado gesticulava, demonstrando descontrole, mostram as imagens captadas da cena, que devem ser juntadas às investigações de Polícia Civil, Corregedoria e MPMS.
A jovem disse ao Correio do Estado que se assustou com os tiros e a perseguição, afinal, ela “jamais” pensou em se tratar de policial, que conduzia um carro descaracterizado.
Mesmo com o delegado na porta de seu carro e outros militares ao redor, ela resistiu a abrir a porta por alguns minutos. Ela disse ao Correio do Estado que, antes de descer, avisou a mãe sobre o acontecimento e pediu a uma amiga que fosse lá socorrê-la.
A profissional da moda só saiu do carro ao ver a amiga. Dali, ela foi para delegacia, por volta de 19h. A jovem disse ter ficado por lá até a meia-noite.
Na audiência com o delegado de plantão, a estilista calou-se por orientação do advogado e disse que tratará do assunto em juízo.
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